Ray
Continuacão do post anterior


                       

Quando voltei a mim estava deitada dentro da ambulância. Meu amigo estava sentado ao meu lado. Perguntei o que tinha acontecido, ele disse que tínhamos caído do terceiro andar da construção. O terceiro andar, vai por mim, é muito alto. Perguntei onde estavam os outro, ele disse que estavam nas outras ambulâncias. Enquanto ele me explicava todos os acontecimentos fiquei me olhando no reflexo da janela. Não gostei nada do que vi. Pra dizer a verdade até me apavorei um pouco. Minha roupa estava imunda. Meu cabelo estava duro de tanta terra. Meu rosto estava muito vermelho, mas não de sangue, parecia mais que estava arranhado. Arranhados esses que me deixaram com vergonha de me olhar no espelho por algum tempo. Tinha sangue na minha boca. Não entendi de onde vinha. Foi ai que reparei que meu dente estava quebrado, presumi então o que depois foi confirmado pelo medico que o pedaço do meu dente que se quebrou cortou a minha boca de dentro para fora. Imagine a sensação de passar a linguá pelo lado de dentro da sua bochecha e vê-la siando do lado de fora. É eu sei. Eu também não gostei. O que mais me assustou foram os meu olhos. A parte branca dos olhos estava toda vermelha mas não doía. Engraçado né? Bom, fora os estragos no meu rosto eu tive fratura exposta no fêmur esquerdo. Você sabe qual osso é o fêmur né? É esse osso grandão da coxa. Caíram junto comigo mais 4 pessoas. Um teve uma fratura na bacia, na canela e ferimento no rosto. Outro teve uma rachadura na parte inferior do cranio, mas não apresentou nenhum risco de vida nem possíveis seqüelas futuras. Outro quebrou o braço e por fim o ultimo só arranhou a testa. Inacreditável né? Fomos para o hospital. Chagando lá fomos encaminhados para a emergência. Me coloraram numa maca sem colchão, sem lençol, sem nada. Tava muito gelada. Cortaram minhas roupas, tiraram o meu tênis e me vestiram com aquelas roupas simples de internação. Me levaram para o raio-x e me deram um remédio para dor. Não preciso nem dizer que ligaram para a minha mãe né? Pois é. Ela chegou no hospital as 6hrs da manha. Ela chegou e não olhou pra mim. Ela foi falar com o medico e logo em seguido o acompanhou até uma outra sala. Ela nem olhou pra mim. Creio que dessa confusão toda aquele foi o momento mais doloroso. Me senti tão sozinha. Dizem que o arrependimento é um ato falso. Se isso for verdade, nunca me senti tão falsa na minha vida. Vamos aos fatos: meu plano perfeito havia ido por agua-a-baixo, eu estava na emergência de um hospital , meus amigos estavam machucados e minha mãe não estava falando comigo. Sessas circunstancia parecia que não dava pra piorar. Sempre tem como piorar: eu estava com o fêmur fraturado e precisava de uma cirurgia com urgência. Fui transferida para um hospital em Samambaia e chegando lá fui direto para a sala de cirurgia. Tomei anestesia local. Fiquei acordada durante a cirurgia. Foi colocada uma platina na minha perna e imobilizada. 5Hrs depois tive alta para ir para o quarto e fiquei 3 dias em observação, finalmente tive alta para ir para casa. Foi muito difícil nos primeiros dias. Tive que reconquistar a atenção da minha mãe e com o tempo a confiança. Não há culpo por me tratar assim, eu também ficaria abalada se uma filha minha quase morresse. Meus dias de recuperação se resumiam em ficar na cama o dia todo, tomas vários remédios e fazer o dever da escola. Minha mãe pegava os trabalhos escolares para eu fazer em casa. A noite antes de eu ir dormir minha mãe ia pro meu quarto e ficava conversando comigo e me fazendo companhia até eu dormir. Sinto falta disso. Eu tinha que ir ao hospital conversar com o ortopedista de 15 em 15 dias. 2 meses depois comecei a anadar com muletas e 1 mês depois já conseguia andar sozinha. Você não imagina a sensação de simplesmente poder andar sozinha depois de tanto tempo. Vai por mim, é muito boa. Depois disso fui retomando a minha vida normal e conquistando a confiança dos demais.

Se eu voltei a curtir rock?

É claro que sim! Voltei a sair e ir pra shows, só que agora com mais noção e responsabilidade.

.E posso dizer com toda certeza: NÃO FOI SÓ UMA FASE!
Ray

Comecei a gostar de rock aos 13 anos. Comecei como todo mundo começa um dia: Legião Urbana, Capital, Cassia Eller, Raul, Nirvana, Guns, e purai vai. Nessa epoca meus pais não ligaram muito. "isso é só fase" minha mãe me disse. Tadinha. Comecei a sair mais de casa, conheci varias pessoas e comecei a gotar mais da coisa. Tenho saudades dessa época. Ai aconteceu o meu primeiro show, foi um festival de death e black no gama. Longe pra caramba eu sei. Foi muito bom, confesso que me assustei no inicio, mita gente estanha! Mas acabei me sentido a vontade no mei daquela gente estranha. Sera que eu fiquei estranha tambem? Pois bem. O show foi otimo, a volta pra casa foi muito engraçada, não estava passando onibus. Foi tenso. Dai pra frente frequentei varios shows, cheios de gente estranha que acabou virando a minha gente estranha. Pouco tempo depois conheci a Praça do D.I. Uma praça simples aqui em Taguatinga Norte, com banquinhos e mesas de simento e um half para a galera do skt. Dai pra frente virou rotina. Toda sexta anoite era dia de encontro marcado no D.I. Tambem tenho saudades dessa epoca. Minha mãe não sabia que eu ia pra lá é claro. Na grande maioria das vezes em que eu saia eu mentia. Dizia que ia para outro lugares. Hoje consigo enchergar que se eu tivesse dito a verdade as coisas teriam sido menos complicadas. As vezes em que ela me proibia de sair eu emburrava e sia escondido. Veja só, uma menina com 15 anos se achando a dona do mundo. Nesse estagio avançado de rebeldia eu passei a mentir com mais frenquencia. Saia todos os fins de semana dizendo que ia a algum churasco ou coisa paracida. Meus pais começaram a pereceber que aquilo nao estava sendo so uma fase, decidiram então me proibir de ouvir as musicas, de sair e receber os meus amigos. Alguns deles depois eu percebi que não eram tão meus amigos assim. Completei meus 16 anos de castigo em casa. Não estava aguentando mais. Conversando com alguns amigos meus arquitetei um plano que à meu ver não tinha como dar errado. Falei para a minha mãe que iria ter um aniresario de um amigo meu que ela conhecia, falei qu não sabia que horar iria terminar então implorei para que eu pudesse dormir lá. Depois de muito inssitir ela deixou. Primeira parte do plano concluida. No dia marquei com todos os meu amigos. Nó iriamos virar a noite no D.I. Tudo certo. Nos encontramos e começamos a beber. Eu como sou muito boa pra beber fui a primeira a ficar ruin. Bebemos e bebemos mais. Ás 3hrs da manhã, com o ideia absurda de não sei quem. Não lembro mesmo eu tava ruin. Fomos para uma construção abandonada perto do Taguatinga Shopping. Grande idéia ein. É uma constução mostruosa embargada pelo governo. Chegamos lá não sei como e subimos para o terceito andar. Estava tudo muito escuro e a bunita aqui resolveu que queria vazer xixi. Outra grande ideia. Ai que raiva de mim mesma! Então. Sai no meio do escuro com uma amiga minha. Dai pra frente na minha ficou tudo meio em flash. Lembro de ser acordad por alguem. Lembro de esar no chão. Lembro de muita dor. Lembro de um bobeiro perguntando o meu nome. Lembro de uma maca, uma ambulancia, do frio. Lembro muito bem do frio.


Continua....